Qatrel is a theatre company based in Lisbon, Portugal, since 2008 with the following purpose: present groundbreaking contemporary plays that can question the major problems and political contradictions of our times. - To follow a transversal programme involving the performing Arts, underlining the intimate links between Theatre and all other artistic mediums, especially Music.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Teatro: Companhias Descentralizadas criticam centralismo do Governo

Em comunicado enviado à Lusa, as companhias sustentam que a política do Ministério da Cultura para o sector "assenta num profundo desconhecimento sobre o que acontece no terreno e ignora as especificidades do trabalho realizado longe dos centros de decisão política, económica e mediática". 



Têm razão os meus colegas mas permitam-me que acrescente que esse profundo desconhecimento sobre o que acontece no terreno também se aplica nos centros de decisão política, económica e mediática ou seja nos Corredores de São Bento

Mais:

Para quando um subsídio de apoio à criação de novas estruturas? 
Sejam elas Teatro ou Dança ou Circo?
( Bem o Circo então . . . nem se fala . . . coitados, menosprezados . 
Para quem não sabe:
não existe no Ministério da Cultura , um subsídio de apoio a novas estruturas ( Companhias, como se chamam na verdade ) o que existe são os apoios anuais - para os quais é necessário apresentar a programação 
mas só pode concorrer uma estrutura que exista e apresente trabalho contínuo há pelo menos dois anos. 
Na prática:
Quem quiser criar uma nova Companhia de Teatro tem de 
produzir  
programar 
realizar 
criar 
viver 
durante dois anos sem nada. 
Pode concorrer a subsídios pontuais - cujo valor não chega para a criação do espectáculo quanto mais para ajudar a sustentar uma estrutura
A Qatrel - que aqui se apresenta em forma de blogue, mas podem consultar o nosso trabalho no site - é nesse espaço indefinido e frágil que se encontra neste momento
Eu costumo dizer que "mão de obra" temos nós:
 actores, 
escritores, 
cenógrafos,
 figurinistas,
 desenhadores de luz,
 músicos, 
contra-regras, 
técnicos, 
encenadores
. . . mas nem um tusto. 
Como é que se aluga/compra um espaço de trabalho sem dinheiro?
como é que se paga as contas de electricidade ( gasta-se muita electricidade em espectáculos ) 
funcionários? nem pensar - como lhes pagávamos? 
 fazemos nós tudo (e todos fazem na verdade um pouco de tudo)...mas até quando vamos aguentar? 
é altamente entusiasmante quando se tem 20 anos e se vive em casa dos pais e se acha que se vai conquistar o mundo 
agora aos 40 anos? com 20 anos de carreira em cima? com filhos para criar???

ah????

Pois é.
Não dá!

Vou dedicar os próximos dias a publicar aqui o que se passa em termos de apoios institucionais nas artes do espectáculo
E também o que se passa com os agora apelidados de "intermitentes" - o pessoal que recebe a recibos verdes - trabalho precário - NÓS os ARTISTAS  - OS ETERNOS MALDITOS

Até já

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